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Pista contaminada por lâmina d’água

publicado 11/03/2016 16h14, última modificação 31/05/2016 15h20

O que é Pista Contaminada?

A OACI considera que pista contaminada é uma pista na qual mais de 25 % do comprimento sendo usado está coberto com uma lâmina de água parada ou outro contaminante (por ex.: gelo, “slush”, ou neve) com mais de 3 mm de espessura.

Também pode ser considerada como contaminada a pista em que o contaminante, embora numa porção menor que 25 % da pista, estiver cobrindo uma área relevante para a operação, como por exemplo, área de rotação e saída do solo ou o segmento da pista onde o avião está em alta velocidade na decolagem onde o efeito de arrasto é mais relevante. (IAC 121-1011, de 2005)

No Brasil, o principal perigo de pista contaminada está associado à presença de lâmina d’água, uma vez que a maior parte do território brasileiro está na zona tropical. A presença de lâmina d’água em pistas de pouso e decolagem pode representar perigo às operações nos aeródromos, devido à ocorrência de um fenômeno conhecido como hidroplanagem ou aquaplanagem

A ANAC considera que a pista está contaminada quando a profundidade média de água (lâmina d’água) sobre a pista for igual ou maior que 3 mm numa região de 150 m de comprimento por 12 m de largura na porção central em relação ao eixo da pista.

O que o operador do aeródromo deve fazer para mitigar o risco?

É responsabilidade do operador de aeródromo informar ao Controle de Tráfego Aéreo as condições da pista de pouso e decolagem. As informações sobre as condições da pista são consideradas como informação essencial pela ICA 100-37 - Serviços de Tráfego Aéreo, destacando-se a presença de lâmina d´água.

Assim, durante todo o período de chuvas, é importante que o operador de aeródromo disponha de procedimento para prontamente medir a espessura da lâmina d’água e, caso constatada a contaminação da pista, disponibilizar a informação sobre as condições da pista ao órgão de Serviço de Tráfego Aéreo para emissão de alerta aos pilotos.

O Alerta aos Operadores de Aeródromo nº 002/2015 - Procedimentos para verificação de presença de lâmina d’água em pista de pouso e decolagem contém mais orientações para os procedimentos de verificação da existência de lâmina d’água.
 

Quando medir a lâmina d´água?

O procedimento de verificação se a pista está contaminada ou não deve ser iniciado quando o ocorrer uma das situações a seguir:

  • Ocorrência de chuva moderada (intensidade de precipitação igual ou maior que a 5,1 mm/h); ou
  • Quando houver reporte de pista escorregadia pelos pilotos.


De acordo com o Manual de Observações Meteorológicas do INMET, a intensidade da chuva é classificada como:

  • Chuva FracaPrecipitação de 1,1 mm por hora até 5,0 mm ou no máximo 0,8 mm em 10 min.
  • Chuva ModeradaPrecipitação de 5,1 mm por hora até 60,0 mm ou no máximo 10 mm em 10 min.
  • Chuva FortePrecipitação de mais de 60,0 mm por hora.
     

Como medir a lâmina d’água?

O procedimento de verificação da existência de lâmina d’água deve realizar duas medições:

  • a extensão da área coberta com empoçamento de água; e
  • a espessura da lâmina d’água nessa área.


Não existe uma metodologia única para medição da espessura da lâmina d´água, por isso o operador de aeródromo deve escolher o método que melhor se aplica à sua realidade.

De modo a ilustrar uma situação, veja-se o exemplo a seguir.
Considere a região próxima à cabeceira em uso, onde as aeronaves estarão pousando em alta velocidade ou decolando com elevada potência nos motores, situações que podem provocar aquaplanagem. Uma vistoria visual pode identificar empoçamento de água com as dimensões definidas pela norma, conforme ilustra a figura a seguir:

Considerando-se que o balizamento lateral esteja espaçado de 60 m entre luminárias, o empoçamento ilustrado pela linha amarela teria comprimento superior a 150 m e largura de cerca de 12 m, próximo ao eixo da pista. Assim, constatado o empoçamento com as dimensões definidas pela norma, avalia-se a espessura da lâmina d´água. Caso a espessura média seja superior a 3 mm, deve-se reportar à TWR a condição de pista contaminada.

O exemplo aqui ilustrado não implica que somente a região de toque da pista deve ser avaliada. A vistoria de pista para verificação de contaminação por lâmina d´água deve ser feita em toda a extensão da pista, com atenção especial para a metade relativa à cabeceira em uso.

Além disso, é importante que o procedimento também classifique a condição da pista. As classificações são:

  • Seca: quando não houver precipitação;
  • Úmida: quando houver precipitação.
     

E quando houver acúmulo de água mensurável na pista:

  • Molhada: Quando a intensidade de chuva na pista de pouso e decolagem for superior a 5 mm/h ou 1 mm em 12 minutos.
  • Contaminada: Quando a profundidade média de água sobre a pista for igual ou maior que 3 mm numa região de 150 m de comprimento por 12 m de largura na porção central em relação ao eixo da pista.

Como divulgar a condição da pista aos pilotos? 

Se a pista for considerada contaminada, essa informação deve ser comunicada à TWR (ou rádio AFIS) para que seja divulgada para os pilotos, conforme estabelece o item 6.12 da ICA 100-37.

A publicação somente da informação “pista escorregadia quando molhada” é vaga porque não fornece aos pilotos a exata localização de onde está a contaminação na pista. Por isso, é importante que sejam informados os trechos da pista em que foi observada essa condição, de maneira que essa informação seja útil para os pilotos.
 

Criação de um banco de dados

É importante que o operador de aeródromo crie um banco de dados com o histórico das medições de lâmina d’água, onde constem informações sobre as dimensões do empoçamento, profundidade da lâmina d´água e local. Essas informações poderão servir para direcionar os procedimentos de manutenção do pavimento da pista, uma vez que locais de empoçamento frequente poderão indicar defeitos na superfície do pavimento, ou declividade insuficiente, o que provocaria reduzido coeficiente de escoamento da pista de pouso e decolagem.