Ponte de Sor: mau tempo e inexperiência do piloto na origem do acidente aéreo mortal - TVI

Ponte de Sor: mau tempo e inexperiência do piloto na origem do acidente aéreo mortal

  • CM
  • 26 abr 2019, 19:17
Monomotores (arquivo)

Relatório final do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários concluiu pela inexistência de mau funcionamento do Cessna 152

O relatório do acidente aéreo de julho de 2018, em Ponte de Sor (Portalegre), aponta a perda de controlo da aeronave, devido às condições meteorológicas, e a inexperiência do piloto como causas da queda.

O relatório final do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF), a que a agência Lusa teve hoje acesso, aponta como causas prováveis a "entrada inadvertida em IMC (condições meteorológicas de voo por instrumentos) com consequente desorientação espacial do aluno piloto devido à perda de referências visuais".

Confirmando que a aeronave que caiu em Ponte de Sor, um Cessna 152, "tinha todos os certificados e licenças válidos" e que os registos de manutenção indicam que "tinha sido mantida de acordo com os regulamentos e procedimentos existentes", o relatório final concluiu pela inexistência de mau funcionamento do avião.

Não foram evidenciados defeitos ou mau funcionamento do grupo motopropulsor que pudessem ter contribuído ou causado o acidente", lê-se no documento do GPIAAF, que garantiu estar a aeronave "a ser operada dentro dos limites de massa e centragem, bem como dos limites operacionais".

Dando nota de que "todas as superfícies de controle foram analisadas e todos os danos na aeronave foram atribuídos às forças severas no momento de impacto", o gabinete informou que o aluno piloto "estava autorizado para o voo de acordo com os regulamentos da ATO (organização de formação de voo) e da regulamentação europeia existentes para o efeito".

O aluno piloto encontrou condições IMC e perdeu as referências visuais, devido às condições meteorológicas locais que se faziam sentir", avança o GPIAAF, para quem a "perda de referências visuais terá levado a uma desorientação espacial, com perda de controle da aeronave", o que acabou por provocar "uma descida pronunciada".

Segundo o relatório, a aeronave "embateu no solo num ângulo elevado e, devido às elevadas forças envolvidas no impacto, o acidente não se configurou de sobrevivência possível".

Como "fatores contributivos" para o acidente, o gabinete aponta as "condições atmosféricas locais propícias à formação nublosa a baixa altitude", o facto de tripulações em operação na área não terem feito "relato sobre a alteração das condições meteorológicas locais (PIREP)" e a "pouca experiência do aluno piloto em voo noturno e a ausência de formação mínima em IFR (regra de voo por instrumentos)".

No relatório lê-se ainda que o "aluno piloto efetuou a solo três circuitos na pista 21 com 'stop and go', conforme planeado e sem problemas reportados, tendo descolado para efetuar o quarto circuito", sendo neste que ocorreu o acidente.

"Às 21:39, os meios de socorro foram acionados e iniciada uma busca intensa nas imediações a oeste do aeródromo", refere o relatório, dando conta que "a aeronave foi localizada a sul do Monte de Marvila, às 00:02, totalmente destruída" e que o aluno piloto "faleceu no momento do acidente".

O GPIAAF "foi notificado pouco depois da ocorrência, tendo feito o acompanhamento da situação e deslocado para o local uma equipa de investigação de aviação civil na manhã seguinte".

O aluno piloto, um jovem 21 anos, de nacionalidade paquistanesa, que morreu no acidente, "era titular de uma autorização de aluno ATPL(A) (licença de piloto de linha aérea)".

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